terça-feira, 24 de março de 2015

Ciência ajuda a revelar segredos dos grandes da pintura

O vermelho usado por Renoir era de qual tonalidade? Como nasceram os girassóis de Van Gogh? Especialistas afirmam que técnicas científicas inovadoras já ajudam a desvendar a beleza original das grandes obras-primas. Com pequenas amostras de tinta, cientistas verificam o comportamento individual das moléculas de uma pintura, o que lhes permite ver como eram antes, com as verdadeiras cores orgânicas.



"Analisamos as moléculas tal qual eram sob a moldura para que nos digam como deveriam ser agora", explica Richard Van Duyne, professor de química da Universidade Northwestern, que descreve um poderoso raio-X e uma técnica em microscópio conhecida como espectroscopia Raman de superfície ampliada, utilizadas em um quadro de Renoir de 1883, intitulado "Madame Leon Clapisson".

O cientista holandês Joris Dik descreveu como o amarelo cádmio virou acinzentado em "Flowers in a Blue Vase" (1889), de Van Gogh. Uma reconstrução digital das flores que o artista pintou mostrou um ramo de flores amarelas mais brilhante e profundo.

O laboratório de Dik, na Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, está trabalhando agora na recriação da textura da superfície e na cor original em imagem tridimensional para mostrar o que o artista fez, sem alterar a obra original.

Os visitantes do Museu Van Gogh, em Amsterdã, podem comprar e levar para casa réplicas tridimensionais impressas das obras do artista genial.Muitas das técnicas científicas que tentam desconstruir os quadros não são novas, visto que começaram a ser usadas no final de 1880, mas com o tempo recebem um refinamento.

A miniaturização do equipamento analítico e a natureza portátil de muitos instrumentos chegaram a novos limites na última década, o que implica que se pode fazer mais trabalhos nos museus e que não é necessário o caro e perigoso transporte das obras de arte. A nanotecnologia para estudar a arte e o patrimônio cultural têm aplicações que vão se estender a outros âmbitos da vida: da fabricação de baterias em miniatura à administração de tratamentos de câncer a pacientes com idade avançada.

Em 2013, os cientistas utilizaram a energia dos raios-X para revelar que Picasso usava tinta de parede em algumas de suas obras. "Só foi possível fazer isso porque tínhamos uma resolução espacial muito alta, de forma que pudemos ver coisas extremamente pequenas", afirma o físico Volker Rose, do Laboratório Nacional Argonne. Rose afirma que a mensagem é inspiradora, ainda que polêmica. "Sabemos que se compramos uma lata de tinta convencional para paredes, qualquer um de nós pode virar um Picasso", desafia.

Fonte: AFP
Imagem: Reprodução da Internet

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