segunda-feira, 6 de julho de 2015

A forma de avaliação do aluno deve ser mudada?

Sem medo para responder as perguntas, sem o pavor que o famoso "branco" representa e sem o suspense da nota. Algumas instituições de ensino no Brasil não aplicam provas. A Escola Politeia, particular, em São Paulo, é uma delas. Osvaldo de Souza, educador da instituição, explica a filosofia do grupo: “Acreditamos que qualquer escolha que o estudante faça o ajuda a construir conhecimento. Ele não é o receptor passivo de informação, ele é o produtor do conhecimento. Sendo assim, não faz sentido ter provas”.



Para ele, a prova é uma lista de conteúdos que o professor tentou transmitir e vai verificar por meio de várias questões. “Acreditamos que cada estudante tem sua forma de desenvolver conhecimento. Eles podem escolher o que querem aprender e aprender em tempos diferentes, então a prova perde o seu sentido. Não há como avaliar igualmente utilizando essa perspectiva de trabalho”.

Sem provas, a Politeia precisou buscar outras formas de avaliar desempenhos. “Avaliação contínua, autoavaliação e avaliação textual compõem o nosso conceito”, enumera Souza. É necessário que, ao fim de cada ano, exista alguma forma de medir o desempenho do aluno, e para isso, a escola trabalha com conceitos. Por acreditar que cada estudante tem seu tempo de aprendizagem, a reprovação também não existe nessa escola. Essa proposta pedagógica tem uma raiz, a Escola da Ponte, de Portugal, famosa entre educadores. Há mais de 40 anos, a instituição fundada por José Pacheco segue a mesma linha didática e é referência mundial no modelo. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Amorim Lima, também em São Paulo, é outra instituição inspirada nessa metodologia. 

Na Amorim Lima, a prova foi abolida com a transição para um novo projeto pedagógico. “No começo, os pais ficaram receosos. A gente é conservador. A gente conhece um modelo e acha que aquele é o único que funciona, mesmo que não funcione”, diz a psicóloga Rosely Sayão, uma das organizadoras do novo projeto. Hoje, os alunos são classificados por meio de projetos e têm maior autonomia.

No Rio Grande do Sul, uma instituição de ensino nos mesmos moldes começa a se formar. É a Escola Sepé Tiaraju II, em Eldorado do Sul, região metropolitana de Porto Alegre.

O Ministério da Educação, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, define que as escolas devem ter alguma forma de avaliação, mas não menciona o formato tradicional de provas. Dirce Foletto de Moraes é doutoranda em educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e atua na área de didática, tecnologia e avaliação da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Para ela, a prova como é realizada hoje, com questões objetivas, acaba servindo apenas para classificar os melhores e piores alunos da classe. Ela vê vantagem se a prova for aplicada para avaliar aprendizagens adquiridas, identificar falhas e tentar corrigi-las.

Fonte: Terra Educação
Imagem: Reprodução da Internet

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